sábado, 29 de abril de 2017

Greve “geral” do dia 28 de abril de 2017 - Uma avaliação do que se viu.

Greve “geral” do dia 28 de abril de 2017 - Uma avaliação do que se viu.

Tratou-se de um momento em que dirigentes de mais de 15 mil sindicatos do Brasil se viram ameaçados de perder a mais escandalosa “boquinha” imposta, aos trabalhadores, pela burocracia brasileira. Com a extinção do chamado ”imposto sindical”, não haveria fôlego para financiar essa minoria, que não raramente  alguém saberia fazer mais nada, com alguma duvidosa eficácia, do que  semear conflitos e desordens para se justificar como atuantes, em um movimento sindical no Brasil. Muitas dessas  lideranças, que diuturnamente vivem se conflitando, eventualmente tratam de oportunisticamente convergir para, conjuntamente, “convocar” uma contraditória greve geral no último dia 28 (ontem), cuja proposta - que também se pode entender como ameaça - seria a de “parar todos os trabalhadores do país” mostrando uma posição contrária para reformas políticas que vêm sendo gestadas, há muito, e desfrutando do “silêncio obsequioso” deles mesmos.

A contradição, no campo da lógica, que é a maior e mais flagrante, consiste exatamente na proposta de “todos” pararem, como eles rotularam, “parar o Brasil”. Eles mesmos, e seus contratados - empresas contratadas e empregados, motoristas de ônibus, equipes de “caminhões de som”, fornecedores e “fazedores” de sanduíches de mortadela” e todos os integrantes de uma complexa logística se mobilizaram e trabalharam para fazer exatamente o oposto, “trabalhar duro (?)” e muitas vezes, não remunerados, ou assim o sendo, por valores irrisórios. O Brasil não parou, nem em decorrência do trabalho deles, nem pelo seu insucesso de conseguirem parar uma outra imensa maioria dos demais trabalhadores.

A outra contradição, desta vez, na esfera política, consiste no fato de virem convivendo, também em “silêncio obsequioso” com a intenção governamental de agredir o trabalhador com uma verdadeira “quebra de contrato” no conteúdo dessa reforma previdenciária que aí está, desde muitos governos anteriores, na reforma trabalhista, que se põe na frente dos brasileiros, paira uma contradição política ainda maior: Sempre os sindicatos atuaram, alguns até de modo exclusivo, no patrocínio e em representações de trabalhadores, para celebrarem acordos coletivos com seus patrões, visando regular as respectivas relações, enquanto na atividade laboral. Ai, os sindicatos sempre procuraram valorizar, manter e melhorar, segundo a ótica própria, os acordos dos empregados com os patrões, como ditame maior. Vem agora a contradição; A ênfase maior da reforma trabalhista que o governo procura patrocinar é justamente na valorização absoluta daqueles acordos dos quais, e nos quais, os sindicatos sempre colocaram como de elevado espírito nas relações trabalhistas. Por que aqueles acordos, que tanto valorizavam, agora deixariam, contraditoriamente, de ser eficazes?

Por esses e muitas outras contradições é parece que as causas verdadeiras - porém mal ocultadas, de tanto tumulto não sao bem essas, as reformas que o governo provisório (porque investido apenas para cumprimento de final de mandato)  tristemente preconiza. Sou movido a interpretar essa ação tumultuadora e conflituosa a uma causa básica, senão motivação única, ou principal:
Se os sindicatos procurassem mobilizar o ânimo coletivo para se colocar contra a extinção de famigerado e chamado “imposto sindical”, certamente poderia criar uma revolta às avessas: de todo o povo contra eles. Estou certo que a maioria quase total dos trabalhadores não aceita, nem se conforma em ver compulsoriamente, subtraído de sua mesa, da educação de seus filhos, da qualidade e vida, sua e de sua família, mais um dia de trabalho, acima da carga fiscal que já suporta correspondente ao seu esforço de cinco dos doze meses do ano.

Realmente é revoltante essa imposição (com cara de imposto), que obriga a TODOS os que trabalham a sustentarem (não raro, regiamente, repito) equipes sindicais para ficar em simples prontidão (submissa a aqueles governos que administram seus pagamentos de gordas verbas, não sujeitas a qualquer controle ou fiscalização - de fato, findos perdidos, mesmo) - vindo a se mexer apenas quando a sua realidade e interesses pessoais se vejam postos em cheque.
Surge uma proposta de reforma de lei trabalhista, como já acima comentado, mas que embute em seu conjunto, com muita justiça, a extinção desse imposto que movimenta bilhões de reais por ano e que sustenta mais (15.000) quinze mil sindicatos em todo o país, enquanto nos demais países, os mais sindicalizados pouco possam de uma centena, e na alemanha não chega a 100 (cem). É o bastante para que nossos dirigentes sindicais, essa injustificável massa “pseudo operária” (pois não pega no batente) se ponha em polvorosa, tentando por todos os meios possíveis, mobilizar uma população, em seu proveito, incluindo aquela antiga reforma previdenciária como bandeira, essa sim com poder de alguma mobilização, contra a qual se omitiu de agir por tanto tempo e até agora, tomando como mero pretexto oportunista para sensibilizar mais trabalhadores, aqueles desatentos, aos reais e interesseiros objetivos  dos dirigentes sindicais temerosos da extinção, ou emagrecimento radical daquele fundo que os vêm sustentando em suas farras e boas vidas.

O que vi:
Esperavam eles reunir, para registros fotográficos, e de mídia, para posterior uso como  mecanismos de pressão, mostrando poder de aglutinação popular e de formação de opinião coletiva, e usá-lo como forma de “negociar” com o poder constituído, algum abrandamento das regras, começando por sua indesejável extinção do tributo ao trabalhador a quem, ao invés de tentar manter um ônus injustificável competiria defendê-lo.

Mas o que se observou, mediante os registros fotográficos e vídeos da imprensa foram::
  • Muitas fotos de pequenos grupos, dispersos, obstruindo passagens de veículos, com ocupação de pistas por pedestres, muitos sentados ou deitados e com pneus velhos em combustão, estações de transporte público e acessos de pessoas para impedir sua chegada ao trabalho - violência evidente aos direitos de ir e vir além da livre opção de trabalhar, tanto quanto é livre o direito de fazer greve. Isso com a sempre leniência dos governos, que dispõem de suas forças de segurança pública, exatamente para que possam garantir a todos os cidadãos, o livre exercício dos direito da cidadania.
  • Muitas fotos e vídeos de arruaças e depredações de patrimônio público e privado, com violência desproporcional dos manifestantes frente a forças públicas que apesar de contar com superioridade de armas específicas para contenção arruaças, e de disporem de vultosos investimentos sociais em treinamento e formação para enfrentamento de tais tipos de eventos  mostram-se ineficazes em evitar, ou debelar rapidamente essas agressões à sociedade.
  • Pouquíssimas fotos com grupos expressivos e homogeneamente compactos ou extensos de manifestantes pacíficos, expondo livremente opiniões ou slogans sobre os fatos motivadores da greve.
Essas manifestações não são suficientes para convencer ninguém da veracidade ou propriedade dos temas propostos para o movimento, nem de que suas lideranças se legitimam com reais intérpretes da opinião popular. Somente demonstram que tais lideranças se resumem a pequenos grupos possuidores de razoável capacidade para trazer tumultos sobre vida dos cidadãos ordeiros, além de suspeitável conivência de segmentos governamentais.

Não, nossos sindicatos são inadequados para representar verdadeiramente a opinião geral do brasileiro.

Esse tiro saiu no pé!