segunda-feira, 22 de maio de 2017

ESTÓRIA DE LONGE, E REALIDADE DAQUI!

Por Paulo Tolentino de Souza Vieira
Administrador - aposentado

Lembro-me de uma estória contada pelo meu pai sobre um menino holandês (o velho contava lendas, ou inventava estórias infantis, para nos entreter, e daí, passava valiosos ensinamentos a mim e meu irmão).

Aquele menino holandês ia passando por um dique, onde havia um pequeno furo vazando um filete de água. Sabia que aquilo rapidamente poderia se transformar em desastre. O que fez? Sentou-se ao lado do furo e tapou-o com o dedo... Esperou que alguém passasse, para que pedisse socorro. Ao cabo de algum tempo, não deu outra! Alguém passou, a quem, relatado o problema, pediu que fosse avisar à polícia. Veio o socorro e à tempo, enquanto tratava-se de problema simples, tudo foi consertado, evitando assim um desastre de grandes proporções e custos inimagináveis, além de perda de vidas. Aquele pequeno vazamento, com certeza, se continuasse, aumentaria, até se transformar rapidamente numa ruptura do dique de graves consequências, com prejuízo de alagamento de uma grande área habitada.


Com essa estória, uma fábula, meu pai, nos mostrou, desde cedo, que é sempre “melhor prevenir, do que remediar” os problemas; e além disso, me ajudou ainda mais, comentando e ensinando que muitos problemas, quando contidos no seu início, ou enquanto ainda são pequenos, podem ser evitados ou resolvidos sem grandes esforços, ou maiores sofrimentos; ponderou que, quanto antes melhor, pois “problemas ampliados, esforços redobrados”.
Daí, a vida, me convenceu que “problemas não solucionados” são que nem lixo: ou trata logo, ou o tempo leva à progressiva e Inevitável podridão! Cabe, deste modo, avaliar-se logo as possíveis consequências de cada problema, e, quando for o caso, resolvê-los, ou encaminhar as melhores soluções. Sempre!

Anos após, já estudante, e em seguida, profissional iniciante em Administração, pude valorizar tudo aquilo que havia aprendido desde criança, assim como me concentrar na busca de técnicas de: análise das circunstâncias de momento, e melhores alternativas para tratá-las, no rumo da obtenção dos melhores e mais desejáveis resultados.

Vejo, agora a realidade brasileira e resolvo expor minhas ideias, ante esse “nó de Górdio”, que o cidadão brasileiro se depara, com visão disciplinada e isenta de influência ideológica, e, mesmo sem estar  em nenhuma investidura formal da sociedade, apenas como expectador e brasileiro, e cidadão munido de boa vontade (tenho certeza), e vivências complexas acumuladas.

Tudo isso volta a minha memória, refletindo que “o furo do nosso dique não foi tapado” no devido tempo. Fomos tíbios, ociosos, ou mesmo inadvertidos, reconheçamos! Nos iludimos várias vezes: entre outros equívocos, apostamos que estávamos “contendo vazamentos” com uma simples alternância ideológica radical no poder, foi pior, o “vazamento aumentou”! Insistimos, buscamos a saída mas natural e fácil, um impeachment, com substituição natural pelo vice. Deu no que vemos! Agora dá para perceber que a repetição desses erros nos conduzirá a erros piores, pois as alternativas existentes, via um parlamento viciado e vicioso, somente nos levaria a somente eternizar a vazamentos no nosso já fragilíssimo dique! A Operação Lava-Jato e outras congêneres, derivadas desta, ou não, já nos mostram suficientemente, que não há saída possível, tratando-se do mesmo sistema político, e das pessoas formadas e viciadas nele.

Impõe-se pois, tratamento rigoroso, eficaz e rápido (com início o mais imediato que possível). Não temos direito a novos erros, pois a ruptura do dique se torna muito visível e iminente!
Num momento dessa gravidade não há espaço para amadorismos nem aventuras! Temos que adotar a saída constitucional e pacífica, que se nos apresenta como legítima!
Nossa Constituição, já remendada, mais de uma centena de vezes, parece que começa a se esgarçar perigosamente, mas ainda mostra dispositivos usuais para uma saída, em casos de graves crises institucionais. Não é o que estamos vendo?

Vamos, então, utilizar o recursos que nossa velha Carta Magna ainda pode nos oferecer.
Conclamo a atenção para isso da Ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, corte legítima para interpretação da letra constitucional.

Um comentário:

  1. Boa estória meu pai, bom para refletirmos, obrigado por repassar essa sua experiência!

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