terça-feira, 8 de julho de 2014

DO CORPO AO ESPÍRITO

Paulo Tolentino Vieira
Adm. de Empresas Aposentado

Já na escola elementar, aprendi, que os sentidos do corpo humano são cinco: visão, audição, olfato, paladar e tato. Não estudei profundamente a biologia, não conheço uma definição que coloque limite naqueles cinco. Acho que ainda hoje, são aprendidos, como os principais, sem o aviso de que não são os únicos existentes. Percebo que ainda existem outros, não só no âmbito do corpo físico, mas também na mente, sem falar naqueles que ocupam o plano da alma, espírito.

Acredito mesmo que exista uma gradação, pela da qual os sentidos mais concretos se situem no plano do corpo físico e, à medida que vão se tornando mais sutis, se elevam para os planos mental e, sucessivamente, para o da alma, plano espiritual, Desse modo, progressivamente, passam a ser denominados sentimentos.

Não conhecendo alguma outra definição melhor, atrevo-me a ensaiar, pela minha percepção da realidade: Acho que Sentido, ou sentimento, é a forma como os seres se vêem interagindo com o mundo e os outros seres, à sua volta. Assim, a palavra sentido se confunde com sentimento, assim como, não parece adequado estabelecer limite exato entre o corpo, a mente e a alma.

Poderíamos enumerar, como outros sentidos. Sem dúvida, do corpo físico, certos impulsos para busca de satisfações fisiológicas - fome,  sede, avisos de excreção, etc. - , os ímpetos sexuais, as dores, “alertas” de que algo não vai indo bem, os quais não estão estão entre aqueles cinco iniciais.

Na plano da mente,  logo nos lembramos da intuição, chamada por muitos de sexto sentido, fruto do refinamento inteligente dos demais sentidos humanos, não se confundindo com o instinto, que também é forte nos animais. Pela intuição, ao percebermos alguns sinais inequívocos ao nosso redor, pela repetição de experiências vividas, podemos antever certas consequências prováveis.

Aqui cito dois exemplos: Primeiro; na natureza, se vermos o céu carregado de nuvens escuras e pesadas, na direção de onde vem o vento, podemos prever (ou intuir) ocorrência de chuva. Segundo; Na esfera social, se estamos num ambiente, onde são vistas pessoas ostentando visíveis sinais de prepotência e mau humor, não é difícil antever (intuir) que algum conflito advirá. Aos mais sensíveis e atentos, muitas previsões semelhantes, e até muito mais refinadas, são possíveis. Alguns desenvolvem maior habilidade para essas previsões do que outros.

À proporção que os sentidos vão sendo utilizados, vão se estabelecendo memórias diferenciadas que chegam mesmo a criar certas diferenças nas capacidades das pessoas. Assim como uns têm a visão mais “apurada”, outros, o paladar mais “refinado”, a audição mais “perceptiva” e assim por diante.Tenho a experiência de pessoas que, com disciplina e determinação, conseguem desenvolver, melhor do que outras, certas capacidades ligadas aos sentimentos.

Outros "sentidos" que ficariam no plano mental seriam; a memória, a ansiedade, o desejo, o afeto, a alegria, a euforia, a tristeza, a nostalgia, a saudade, a atenção, e por aí vai. Deixo a fé e a emotividade por último, por que gostaria de destacar estes que, como vejo, se situam num plano especial, limítrofe entre a mente e a alma, como se fossem portas, cuja ultrapassagem seria necessária para se alcançar melhor as sensações do plano seguinte.

Na Alma, este último e terceiro plano de nosso conhecimento, tenho a visão que seu mecanismos estão mais distanciados do nosso controle consciente.

Neste plano, se operam mecanismos que, quanto maior o refinamento, mais requerem proximidade com a Força Criadora. Chamo esta Entidade de Deus, Criador, e noutros momentos, até de Amor (com a maiúsculo), proximidade esta que é almejada pela maioria. A denominação é mais como uma forma de nos referirmos a Ele, porém o mais importante para nós O sentirmos mais próximo é a capacidade de cada um, e abertura para ser, influenciado por esse poder supremo, abrangente e criador de todas as coisas. Assim acho que podemos melhor alcança-Lo, entendê-Lo e senti-Lo.

São muitos os caminhos, para podermos começar e continuar entendendo melhor este plano: Precisa-se ter humildemente intelectual (aceitação), fé, estudo, reflexão íntima e outros sentimentos ou atos de elevada sutileza (meditação e oração, por exemplo), que são facilitados por intermédio, ou com ajuda, de outras pessoas, que majoritariamente se encontram, nas mais diversas religiões, desde que, sejam reconhecedoras do amor, como a suprema das virtudes.

Todas, dessas religiões que conheço, afirmam que, individualmente, este nosso plano, a alma (ou espírito) sobrexiste à vida terrena, e permanece - operando - em algum ponto do universo.

Deixei, propositalmente de citar o Amor, como um dos sentimentos, porque este transcende aos três planos e a tudo o mais, pois é o próprio Deus. Vejo-O e sinto-O assim.


Salvador, BA, 06/07/2014,

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