quarta-feira, 25 de junho de 2014

Casa Nova - Uma Bela Obra

Paulo Tolentino de Souza Vieira.
Adm. de Emp. - Aposentado.

Estou em Casa Nova (Nova Casa Nova), Bahia, cidade que foi erguida em novo sítio, há pouco mais de quarenta anos, para abrigo dos seus habitantes, quando do alagamento causado pela construção da Barragem de Sobradinho,  no Rio São Francisco, à montante de Paulo Afonso, no nordeste brasileiro.

Diferente de seu que sítio anterior,  é uma cidade planejada, mas não perde as características básicas de uma autêntica cidade do sertão. A praça da feira, o destaque da Igreja Matriz,  modernamente construída no melhor estilo dos anos setenta, casas térreas arejadas,  como pede o clima quente da região.

Pude assistir a um vídeo sobre a mudança da população da localização original para a de hoje. Percebi, com clareza, a nostalgia que envolveu aquele momento. Estavam deixando pessoal e coletivamente o cenário de muitos e importantes momentos de suas vidas, tanto bons como pesarosos, mas palco do seu passado, sua história. Lugares onde tantos fatos importantes aconteceram, inclusive visitas constantes de Lampião com seu bando de cangaceiros, na segunda e terceira década do século XX, além de episódios ligados à Guerra de Canudos,  travada pelos arredores, em tempos contemporâneos àqueles.

A vida na atual Casa Nova, é inegável, tornou-se mais moderna, com eletricidade,  telefonia,  sinal de TV, comércio e outros confortos, com salto qualitativo notável. Mas, ao sentimento de perda e saudade, nada substituiu. Na Casa Nova do ano 2014, poucos são os habitantes que, mesmo crianças, chegaram a viver aquela transição. O passar do tempo, com a mudança geracional, um fator importante,  põe movimentos migratórios para esta cidade, dotada de maior conforto, juntamente com a saída de nativos e descendentes, que buscaram em outras plagas educação e oportunidades de trabalho, deram lugar a uma realidade onde avaliações de testemunhas da antiga cidade chegam a situar que, hoje, apenas cerca de dois em cada dez moradores são remanescentes diretos ou indiretos do solo original.

Nessa cidade, que para os padrões regionais, apesar de exuberante, ainda é muito pobre, tive a chance de conhecer uma obra religiosa que muito me emocionou. Visitei a capela do Sagrado Coração de Jesus, um templo erigido no seio de um bairro humilde, que, pelas suas dimensões e equipamento litúrgico, bem poderia sediar uma paróquia, caso estivesse numa cidade de grande porte. Foi erigido e é mantido por uma campanha permanente, liderada por D. Zefinha (Josefa dos Santos Nascimento), uma senhora, que segundo me foi dito, de origem rural que veio para cá com o marido, com a finalidade inicial de educar os filhos. Viveu de pequeno comércio no ramo alimentício, e atualmente serve à comunidade, mantendo um mercado e uma madeireitra de respeitável porte. Com sua fé,  esforço continuado e limitados recursos, seus e que consegue reunir, fez surgir e continuar aquela obra religiosa que já tem realizado considerável trabalho de desenvolvimento religioso e comunitário dos arredores.

Agradeço a D. Zefinha e a D. Cleuse Braga (a bisavó Baú, de dois, dos meus netos), pelas orações, naquele lugar, que, sem dúvida, foram importantíssimas no processo de meu restabelecimento, quando do transplante de fígado.

Casa Nova, BA., 25/06/2014.

4 comentários:

  1. Lugares como esse sobrevivem pela tenacidade das pessoas que vivem nele e o amam! Tomara que se mantenha para os filhos, netos e descendentes da terra.
    ML

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo blog meu pai! Gostei dos textos! Deu até uma vontade de conhecer a nova Casa Nova, gostei das fotos, libda e simples a arquitetura da Capela do Sagrado Coracao!

    ResponderExcluir
  3. Não é porque uma arquitetura é simples que não possa ser bela e interessante!
    Que esse blog sirva como meio de você expor suas idéias, sentimentos e sugestões também as pessoas que te cercam e especialmente para você!

    ResponderExcluir
  4. Queridos Mary Lou e Marcelo,
    Adorei seus comentários e mensagens.
    Repitam quando acharem que cabe.

    ResponderExcluir